sábado, 15 de fevereiro de 2020

Armadura e alma dura

No início o homem sai do seu castelo e deixa sua família
ansioso pela conquista e com a coragem dos jovens.
Bradando palavras orgulhosas e belos sonhos inocentes
o homem se lança, imponente, em uma cruzada pela vida.

Mas, a cada golpe que leva em sua jornada, 
retalham sua suavidade, dilaceram sua certeza,
sobrando apenas a frieza de sua armadura áspera 
resistindo às agressões
escondendo seus medos e suas feridas,
protegendo em seu interior sentimentos agora frágeis e vulneráveis.

Todas as bandeiras, todos os ideais pelo qual lutou
são perdidos, um a um, nas batalhas,
e pelos campos que passa
procura pelos prêmios que, quando criança, lhe era prometido aos justos.
Vê a nobreza do que anseia contrastar com a podridão que o cerca
e a dúvida corrompe sua dignidade,
fazendo da virtude um pecado
e do sexo uma fraqueza.

O cansaço por fim triunfa!

Não há mais reino a ser conquistado, 
a princesa casou-se com o dragão.
O cavaleiro olha atentamente 
e depõe suas armas...


Nenhum comentário: