sábado, 15 de fevereiro de 2020

O trem da vida

A vida é como uma viagem de trem, com suas esperas e partidas, chegadas e despedidas nos embarques e desembarques. Uma viagem num trem que segue sempre em frente, ignorando quando desejamos parar ou retornar para algum ponto do trajeto.
Quando chegamos à nossa estação e embarcamos no nosso vagão, já encontramos nele alguns passageiros. Alguns se tornam importantes para nós e permanecem próximos ao longo de toda nossa viagem, outros se acomodam em vagões diferentes do nosso e temos que, mesmo a contragosto, fazer a viagem separados deles. Isso não nos impede de, eventualmente, irmos ao seu encontro, mas não poderemos sentar ao seu lado, pois já haverá alguém ocupando aquele lugar.
Há aqueles que permanecem no mesmo vagão que nós, mas ao longo do percurso se tornam desinteressados da nossa presença, focando nas paisagens ou na interação com outros passageiros, estando ao mesmo tempo próximos e distantes.
Temos a possibilidade de procurar outros lugares em outros vagões enquanto a viagem acontece, assumindo os riscos de sair de uma posição já conhecida e estabelecida para talvez não encontrar um novo lugar que nos seja confortável, com paisagens ou companhias que nos desagradem. É sempre um risco deixar vazio o assento que ocupamos pois, não havendo lugares marcados e garantidos, ao retornar após uma busca infrutífera em outros vagões, talvez não consigamos retomar o antigo assento, por encontrá-lo ocupado por outra pessoa. A escolha de nossa permanência ou não num determinado assento é uma questão de vontade ou necessidade, e toda permanência ou mudança envolve riscos de ganhos e perdas.
Alguns viajantes embarcam nesse trem a passeio, outros encontram no trabalho a motivação da sua jornada. Algumas pessoas nos deixam saudades quando desembarcam, outras desocupam seu assento sem fazer falta.
Façamos essa viagem da melhor maneira possível, aproveitando-a com boa disposição, tentando nos relacionar bem com os outros passageiros, atentos às paisagens pelas quais passamos e às exigências e possibilidades do percurso.
Não sabemos quando chegará a hora do nosso desembarque desse trem, nem quais serão nossos companheiros até o fim de nossa viagem.
O ideal é agirmos de modo que, quando chegar nossa estação final, que seja leve a bagagem que tenhamos que levar conosco e nosso lugar vazio seja motivo para saudades e boas recordações para aqueles que prosseguirem a viagem.

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